Crítica: Romance de época dá o tom de 'O verdadeiro amor'
Roteiro é adaptado de um conto de Will Weaver. Inge é uma jovem alemã, que chega a Minnesota para um casamento arranjado.
Um romance emotivo, que tem como cenário a cidade de Minnesota em 1920, "O Verdadeiro Amor" é o trabalho assinado pelo diretor estreante em cinema Ali Selim, que entra em cartaz apenas em São Paulo.
Premiado diretor de comerciais de televisão há 20 anos, Selim assina também o roteiro, adaptado de um conto de Will Weaver, criando uma heroína independente e sedutora, Inge Ottenberg (Elizabeth Reaser, de "A passagem").
Logo depois da 1ª Guerra Mundial, Inge é uma jovem alemã, que chega à rural Minnesota para um casamento arranjado por carta, com outro imigrante, o jovem norueguês Olaf (Tim Guinee, de "Homem de Ferro"). Ela mal fala inglês.
A única frase que conseguiu aprender inteira de seu manual é: "eu poderia comer um boi". Na bagagem modesta da moça, destaca-se o enorme gramofone, que parece de pouco uso num ambiente de agricultores.
O gramofone é o símbolo da diferença de Inge. Basta olhar para esta moça de olhar direto, sorriso franco e maneiras desinibidas para saber que ela tem alguma educação formal e veio da cidade. Logo se saberá também que ela foi membro do Partido Socialista em sua terra.
Nem que ela não fosse nada disso, teria problemas neste novo mundo apenas por causa de sua nacionalidade. Naquele momento nos EUA, havia uma caça às bruxas contra os alemães, que eram considerados potencialmente perigosos, suspeitos de espionagem ou prostituição.
Além de alemã, Inge não tem papéis. Assim, o esperado casamento com Olaf não acontece. Porta-voz da moral e dos bons costumes, o reverendo Sorrensen (John Heard) determina que a moça fique hospedada na casa do melhor amigo do noivo, Frandsen (Alan Cumming, de "X-Men"), casado com Brownie (Alex Kingston) e pai de uma porção de filhos pequenos.
Não demora muito e Inge se cansa da superlotação do quarto das crianças do casal. Impaciente com os papéis que demoram a chegar da Alemanha para seu casamento, decide o problema à sua maneira: muda-se para o andar de cima da casa do noivo, chegando de madrugada, sem avisar ninguém. Nem mesmo ele. Uma surpresa que contribui para o surgimento de uma grande paixão.
Com um andamento desdobrado em três tempos, a história corre neste plano intimista do jovem casal, cuja vida em comum sem casamento desencadeia uma reação moralista da comunidade. Outro foco está no plano social, com a virtual falência de vários agricultores, com propriedades penhoradas junto ao banqueiro Harmon (Ned Beatty, de "Superman 2"). Um outro tempo narrativo passa-se em 1968, quando o neto de Inge e Olaf, Lars (Patrick Heusinger), recebe uma oferta milionária para vender a velha fazenda dos avós -- e aí deve decidir se vende ou não essa rica história de família com toda a sua cota de lembranças.
''O verdadeiro amor'' estréia nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros
Por Neusa Barbosa, do Cineweb
Category: CRÍTICA
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