"Tive mesmo um orgasmo em cena", diz ator Paul Dawson

boy | 10:22 | 0 comentários


É real o orgasmo do ator Paul Dawson, na pele de James, nos primeiros minutos de "Shortbus". Também é verdadeira sua relação com o parceiro de cena, seu namorado na vida real e no filme, Jamie, o ator PJ DeBoy.

Outro fato é que o sexo pouco cenográfico da dupla Sook-yin Lee e Raphael Barker, como Sofia e Rob, é mesmo horrível.

"Não entendo por que ter um orgasmo em cena é tão diferente de chorar diante da câmera", disse Dawson à Folha, por telefone, de Nova York. "As duas coisas exigem que se traga à superfície algo muito íntimo."

Todo esse realismo nas cenas de sexo, aliado à total falta de pudor nos figurinos e na atuação, legou a fama de pornográfico ao filme que estréia hoje em circuito comercial depois de uma ruidosa passagem em 2006 pela Mostra de SP.

Agora que as garotas do "Sex and the City" já invadiram o cinema de cosmopolitan na mão e saltos Manolo Blahnik sob os pés, surge esse retrato do lado B do sexo na metrópole: a busca por um orgasmo, o suicídio como opção para terminar um relacionamento fracassado e a vontade de dominar e ser dominado -tudo muito longe do mundo colorido de Charlotte, Miranda, Carrie e Samantha.

Talvez porque o ponto de partida de "Shortbus" não sejam as idas e vindas amorosas de uma colunista de sexo, mas a forma como o 11 de Setembro -no filme, um blecaute toma o lugar do ataque terrorista- abalou a vida sexual da cidade.

"Foi um momento muito intenso, íntimo e sexual ao mesmo tempo", lembra Dawson. "Era como encarar a própria morte, ver que sexo e mortalidade estão muito ligados."

A atriz Sook-yin Lee, que vive uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, conta que, na vida real, decidiu largar tudo depois dos ataques às Torres Gêmeas. "Quando vi as imagens na TV, percebi que a vida era muito curta", disse à Folha. Ela então trocou o posto confortável de VJ do canal MuchMusic para seguir carreira no cinema -em seu primeiro papel de destaque, encarou uma maratona de sexo e nudez.

Todo mundo nu

"Um dia, tinha que ficar nua e travei", lembra. "Não conseguia tirar a roupa de jeito nenhum, então pedi que ligassem o som no último e que todo mundo no set ficasse pelado, para me ajudar a entrar no clima."

E nada de fita adesiva nas partes íntimas, como se costuma fazer para gravar cenas de sexo em Hollywood. Lee e o parceiro no filme têm problemas na relação: "Tínhamos que fingir que estávamos fingindo, então era mesmo horrível".

Para garantir essa intimidade em cena, o roteiro do filme foi improvisado a partir de oficinas com a equipe, recrutada por anúncios publicados em jornais. Quem quisesse estar em "Shortbus" tinha de mandar uma fita de vídeo para o que fora então anunciado como um "projeto de filme de sexo".

"Não daria para fazer esse filme com atores de Hollywood", diz Dawson. "Só num mundo ideal em que as pessoas não tivessem medo de arruinar suas carreiras." Na pele de um personagem que precisa ser penetrado para aprender a amar, Dawson acha que foi o ator perfeito e admite que não tinha carreira nenhuma a arruinar.

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